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24/04/2017 Rádio Guaíba
Apoio a Temer na Câmara cai às vésperas de reformas
A fidelidade dos deputados federais às orientações do governo Michel Temer no Legislativo vem caindo de maneira constante desde o fim do ano passado, destaca o jornal O Estado de S. Paulo. Se em julho de 2016 a média de apoio ao governo na Câmara dos Deputados foi de 91% – o maior índice de governismo já registrado desde 2003 -, em abril deste ano essa taxa caiu para 79%, uma queda de 12 pontos porcentuais.
Os dados são do Basômetro, ferramenta interativa do Estadão Dados que coleta todas as votações nominais ocorridas no Congresso e compara os votos dos deputados com as orientações do governo. Segundo o levantamento, o fim da lua de mel entre Temer e os parlamentares ocorre no exato momento em que algumas das medidas mais importantes para o governo estão prestes a entrar na pauta, como as reformas da Previdência e trabalhista.
Os números revelam que, quanto mais recente o intervalo analisado, maior é a queda do governismo da Câmara. Nas primeiras 20 votações nominais do governo Temer, por exemplo, 92% dos deputados seguiram a orientação do Planalto. Já nas 20 mais recentes, apenas 68% fizeram o mesmo.
Embora o governo Temer tenha se destacado em 2016 com uma taxa de fidelidade recorde na Câmara, a curva de tendência dos últimos meses aponta para uma convergência entre o apoio do peemedebista e a dos ex-presidentes do PT. No acumulado dos primeiros 11 meses de gestão, Temer registra 84% de apoio na Câmara – taxa ligeiramente menor que a do mesmo período da primeira gestão Lula (2003-2006).
Entendimento
O vice-líder do governo na Câmara, Darcísio Perondi (PMDB-RS), disse acreditar que os índices de fidelidade ao Planalto caíram na proporção que a agenda do Poder Executivo ficou mais reformista e exigiu mais compromisso de sua base aliada. “As propostas ficaram mais duras e mais transformadoras. Precisa de mais entendimento (por parte dos parlamentares). Não é fácil isso”, afirmou Perondi.
Segundo Perondi, é natural que os parlamentares se “assustem” com a profundidade das reformas, mas ele disse que o governo está “apertando mais”, ou seja, chamando ministros e parlamentares para conversar sobre a necessidade das reformas. “Todos que participam do governo têm responsabilidade”, afirmou o vice-líder.
O peemedebista disse ainda que a interlocução na base vem melhorando e os deputados estão compreendendo aos poucos que as reformas são necessárias para a retomada do crescimento econômico. Ele nega que a baixa popularidade de Temer nas últimas pesquisas atrapalhe nas votações. “Governo que só pensa em popularidade vive em uma jaula, não governa o País.”
O líder da minoria na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), porém, atribuiu a queda de apoio em plenário ao governo Temer ao aprofundamento da crise política, à falta de perspectiva dos parlamentares para 2018 e também à baixa popularidade de Temer – pesquisa Ibope divulgada no dia 17 deste mês apontou aprovação de 9% ao desempenho do presidente. “Nunca um governo teve um nível de aprovação tão baixo como o Temer. É um governo que não tem quem defenda. Como o deputado vai defender?”, questionou o petista.