22/05/2017 Correio do Povo
No aspecto técnico, para a economia, os efeitos colaterais das denúncias contra o presidente Michel Temer começarão a ser medidos na virada entre maio e junho, quando serão anunciadas as primeiras sondagens contendo expectativas e nível de confiança de consumidores e empresários. Economistas de diferentes correntes atestam que há consenso de que o choque político piora a economia. “Tenho de ser sincera: foi um balde de água fria”, disse Silvia Matos, pesquisadora do Ibre/ FGV. Mensalmente ela coordena os cálculos do indicador que antecipa o crescimento da economia, o chamado Monitor do PIB.
Seu colega Samuel Pessoa enfatiza que a tendência da atividade é para baixo e o câmbio para cima. “A influência sobre a inflação ainda é uma incógnita. Em 2008, mesmo com a crise internacional, tivemos inflação para baixo. E enfrentamos uma recessão muito mais profunda. Não consigo saber se o processo é inflacionário ou desinflacionário. E é isso que vai definir a velocidade de queda da taxa de juros pelo Banco Central”, disse.
Na opinião do presidente do Insper, Marcos Lisboa, “o que a crise revela é quão grave se tornou a relação entre o setor público e o setor privado no Brasil. “É um cená- rio de incerteza e quanto mais incerteza, mais paralisia, o que neste momento piora a economia”, comentou. Para o professor de Economia da Ufrj, José Luis Oreiro, “no que se refere à economia, 2017 faleceu na última semana”. Armando Castela, coordenador de Economia do Ibre/FGV adiantas que “a incerteza é o maior problema”.