31/10/2017 Correio do Povo
O presidente em exercício da Câmara dos Deputados, Fábio Ramalho (PMDB-MG), disse ontem ao presidente Michel Temer que não há votos na base para aprovar a reforma da Previdência na Casa. O encontro ocorreu na residência de Temer, na capital paulista, pouco após o presidente deixar o hospital Sírio-Libanês, onde se submeteu a uma cirurgia de desobstrução da uretra. “Conversamos muito sobre a reforma da Previdência. Falei que é preciso uma discussão maior com a sociedade, para que ela entenda que a comunicação foi falha quanto ao tema. Deixei bem claro para o presidente que ele não vai fazer nada sem uma discussão maior com a sociedade”, afirmou Ramalho. Após a visita, que durou cerca de 40 minutos, Ramalho disse que os dois conversaram sobre a semana de votações. “Eu disse ao presidente que o governo não tem votos para a Previdência. Ele disse que sabia disso, mas que queria ao menos passar a idade mínima”, contou Ramalho.
Segundo o deputado mineiro, o presidente disse que pretende colocar em votação no Congresso algumas medidas provisórias (MPs), como a do Fies e a que altera o marco da mineração, antes de voltar a discutir projetos de lei. A ideia, segundo Ramalho, é colocar a MP da mineração em votação hoje. Para que isso seja possível, o deputado vai procurar o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDBCE), para que ele adie a sessão do Congresso e permita à Câmara apreciar as MPs. Ainda de acordo com o deputado, há sintonia entre Temer e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (Dem-RJ). “Ele e Rodrigo Maia estão bem alinhados”, garantiu. Em viagem a Israel, Maia afirmou ontem que não é possível “escapar” da votação da reforma. “Não podemos chegar como estamos em 2019, pois isso exigiria uma reforma muito mais dura do que hoje”, disse.
Alguns líderes da base, no entanto, têm manifestado a intenção de pressionar para que o reforma da Previdência seja adiada. “Não há clima para votar esse projeto antes das eleições”, afirma o líder do PR na Câmara, José Rocha (BA). “Não há ambiente político para aprovar a reforma da Previdência, e esse é um sentimento que prevalece na base governista”, afirma o líder do PSD, Marcos Montes (MG).