07/12/2017 Correio do Povo
O recuo em relação a transação de venda de ações do Banrisul, que ocorreria neste mês, se deu em função da queda no preço de ações do banco e deixa o Executivo em situação ainda mais delicada. A confirmação ocorreu ontem, mas a decisão havia sido tomada durante o fim de semana. A venda de 49% de ações ordinárias da instituição e a adesão ao Plano de Recuperação Fiscal, que também não está avançando em função de exigências da Secretaria do Tesouro Nacional, eram as principais apostas para conseguir pagar pelo menos parte da folha de dezembro e do 13º salário aos servidores.
A tendência, agora, no melhor dos cenários, é que, a exemplo do ano passado, a gratificação natalina seja parcelada em 12 vezes. Segundo integrantes da cúpula do governo, entre os motivos para a queda no valor das ações estão o entendimento, pelo mercado, de que o Banrisul não será privatizado, o que reduziu o interesse de investidores. O mau momento das bolsas de forma geral também teria contribuído para o cenário desfavorável. “Vamos retomar a iniciativa no momento em que o mercado estiver satisfatório. O governo não irá liquidar ações do Banrisul a qualquer preço.
Não seremos irresponsáveis, temos que ter sangue frio”, disse integrante do primeiro escalão à coluna. A cautela em relação ao assunto não se dá por acaso. Se o governo fosse adiante com o leilão e o resultado financeiro da transação não fosse o esperado, levando a um cancelamento por parte do Estado, a operação não poderia ser repetida antes do prazo de seis meses. O governador José Ivo Sartori passou parte da tarde reunido com integrantes da Fazenda analisando cenários financeiros sem a realização da transação, que poderia gerar, segundo estimativa inicial, cerca de R$ 2,2 bilhões.
Antecipação do IPVA já está contabilizada
Na próxima semana, o governo irá divulgar os descontos para o pagamento antecipado do IPVA. A transação rendeu, em dezembro de 2016, reforço de R$ 250 milhões em caixa. O valor, que este ano deve ser similar, no entanto, já está contabilizado no fluxo financeiro previsto pela Fazenda para este mês.
Governo lança edital de créditos da GM, que terá dívida com o Estado zerada
O governo do Estado lança hoje no Diário Oficial o edital de licitação visando colocar no mercado créditos futuros da General Motors por meio do programa Fomentar/RS. Com a liberação no mercado, o valor do deságio tende a ser maior. A estimativa é que a transação renda cerca de 270 milhões, o que deixará a General Motors, segundo a secretaria da Fazenda, com as contas de benefícios concedidos pelo Rio Grande do Sul, em 1996, quitadas. A GM teria prazo até 2030 para resgatar os títulos. Nos últimos dois anos, a operação foi feita pelo Executivo diretamente com a empresa, gerando reforço no caixa do Estado de R$ 340 milhões e R$ 320 milhões, respectivamente. Neste ano, a montadora declinou da transação, considerada pelo governo essencial para minimizar ao menos um pouco os problemas financeiros que se agravam no final do ano, com a necessidade de pagamento do 13º salário aos servidores.