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12/01/2018 Correio do Povo
Tabela do IRPF registra umadefasagemde88%
Um dia após o governo comemorar o fato de a inflação oficial de 2017 ter encerrado em 2,95%, menor índice desde 1998, o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco) divulgou uma nota ontem informando que a defasagem da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) está em 88,4% no acumulado desde 1996 até agora. Em 2016 e 2017 a tabela não teve correção. “Ao se apossar daquilo que não tem direito, o governo achata a renda do trabalhador. Obriga a pagar mais imposto, dinheiro que poderia ser mais bem aplicado na poupança, no aprimoramento da formação educacional e no consumo”, criticou Cláudio Damasceno, presidente do Sindifisco Nacional.
Conforme os cálculos do Sindicato, se toda a defasagem tivesse sido reposta, a faixa de isenção para o Imposto de Renda seria aplicada para quem ganha até R$ 3.556,56. O desconto por dependente subiria de R$ 2.275,08 para R$ 4.286,28 por ano enquanto o valor reduzido com gastos de educação chegaria a R$ 6.709,90 contra R$ 3.561,50 atualmente. Na mesma nota que emitiu ontem o Sindifisco assinalou: “Se a faixa de isenção atual chega aos contribuintes que ganham até R$ 1.903,98, corrigida, livraria todo o assalariado que recebe até R$ 3.556,56 de reter imposto na fonte. Representa dizer que essa diferença de R$ 1.652,58 pune as camadas de trabalhadores de mais baixa renda”.
Para a entidade, o achatamento somente não foi maior porque o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2017 ficou em 2,95%. “Um dos valores mais baixos em 20 anos”, enfatizou Damasceno. O dirigente do Sindifisco destacou também que com a defasagem todas as demais faixas obrigam o contribuinte a pagar mais imposto do que deveria. E a situação vai piorando à medida que os descontos permitidos no Imposto de Renda também são menores. Por dependente, por exemplo, o valor de R$ 189,59 por mês (R$ 2.275,08 anual) deveria ser de R$ 357,19 por mês (R$ 4.286,28 anual). A Receita Federal informou que não iria comentar os cálculos feitos pelo Sindifisco Nacional.