14/01/2019 Jornal do Comércio
A inflação brasileira fechou 2018 em 3,75%, divulgou na sexta-feira o IBGE. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou abaixo do centro da meta estipulada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), de 4,5% ao ano, na esteira da lenta retomada da atividade econômica no País, da queda mais recente do preço dos combustíveis e da redução do preço dos alimentos frente ao verificado dois anos antes. O indicador ficou abaixo do centro da meta pelo segundo ano consecutivo. Em dezembro, o IPCA ficou em 0,15%, contra deflação (queda líquida de preços) de 0,21% em novembro. Essa foi a menor variação para o mês de dezembro desde a instauração do Plano Real no Brasil, em 1994. Apesar da melhora da taxa de desemprego em 2018, a renda do trabalhador não aumentou significativamente e as novas vagas no mercado estiveram concentradas no segmento informal. O nível dos investimentos não retomou patamares pré-crise, a despeito da melhora da confiança do empresariado, e ainda há capacidade ociosa na indústria. Aliados à retomada que não se concretizou como o esperado em 2018 esses fatores contribuíram para a manutenção em patamares baixos da alta dos preços. A inflação mais baixa observada em dezembro decorreu principalmente da deflação dos preços de transportes (-0,54%), com redução dos preços de gasolina, e desaceleração no grupo de habitação (0,15%), com redução da energia elétrica. Em dezembro, o preço médio da energia elétrica caiu 1,96%, após queda de 4,04% em novembro. Já os combustíveis tiveram queda de 4,25%, após um novembro em que os preços ficaram 2,42% mais baratos Ainda assim, a gasolina fechou o ano em alta de 7,24% no acumulado em 12 meses. Os combustíveis representam 5% do IPCA. No acumulado do ano, o preço da energia elétrica subiu 8,70%. Já os preços dos alimentos, vilões da inflação em 2015 e 2016, voltaram a patamares normais em 2018 depois de um 2017 de safras recordes. O indicador fechou dezembro em 0,44%, ligeira alta frente a novembro (0,39%). No acumulado do ano, a variação foi de 4,04%. Apesar da alta, o patamar é o mais baixo desde 2009, se desconsiderada variação negativa de 2017, quando houve deflação de 1,87%. Em 2015, por exemplo, a alta dos alimentos havia sido de 12,03%, enquanto no ano seguinte, foi de 8,62%. Os itens que deram alívio na inflação em dezembro foram os mesmos que pesaram no indicador no acumulado do ano. Habitação (4,72%), transportes (4,19%) e alimentação e bebidas (4,04%) tiveram altas que pressionaram o IPCA para cima, mas não foram suficientes para tirar índice do centro da meta. “Podemos dizer que a inflação encerrou 2018 sob controle”, afirmou Fernando Gonçalves, gerente do Sistema Nacional de Índice de Preços do IBGE. ReŶda do traďalhador Ŷão auŵeŶtou sigŶiiĐaivaŵeŶte Ŷo período USP IMAGENS/DIVULGAÇÃO/JC A inflação controlada foi o que motivou nos últimos anos movimento de redução da Taxa Selic, a taxa básica de juros, que atualmente está em 6,5% ao ano. Arbitrar juros é uma das formas que o Banco Central tem de atuar no controle da inflação, por meio do incentivo ou não do consumo da população e do investimento das empresas. Juros mais baixos podem servir como incentivo ao consumo de bens como imóveis, automóveis e eletrodomésticos. A construção civil, por exemplo, único setor da economia que ainda não voltou a contratar mais consistentemente, é intensiva em capital e sensível aos juros mais baixos. Na outra ponta, juros mais altos podem ser usados como inibidores do consumo em momentos de preços em descontrole.