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11/10/2016 Correio do Povo
Câmara aprova PEC que define teto de gastos públicos
A Câmara dos Deputados aprovou, na noite desta segunda-feira (10), a Proposta de Emenda à Constituição que instaura um teto de gastos para os próximos 20 anos na administração pública.
A PEC 241 foi aprovada, em primeiro turno, com 366 votos favoráveis, 111 contrários e duas abstenções. A proposta ainda terá de ser votada em 2º turno na Câmara, antes de ser encaminhada ao Senado.
Após a aprovação, muitos deputados e parte das galerias comemoraram, entre gritos de "fora PT, fora PT". Outro grupo, nas galerias, vaiou e fez um forte coro de "golpistas, fascistas, não passarão".
A PEC 241 propõe limitar pelos próximos 20 anos o aumento dos gastos públicos de um ano à inflação do ano anterior. A medida é defendida pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e foi anunciada por ele ainda no primeiro dia do governo interino, em maio. O argumento do governo é de que a medida aumentará a credibilidade para investimentos do país e evitará o aumentos de impostos. A oposição salienta o impacto que a decisão poderá ter nos investimentos básicos à população, principalmente em saúde e educação.
Os deputados começaram em seguida a analisar os destaques apresentados ao texto pelos partidos. O primeiro deles, do PT, pretende aprovar emenda da deputada Erika Kokay (PT-DF) para incluir no texto limite ao pagamento de despesas com a dívida pública e para excluir do teto de gastos as despesas com saúde, assistência social, educação, ciência e tecnologia, segurança pública, saneamento e outras.
Durante toda a duração dos trabalhos, a oposição trabalhou para obstruir os trabalhos por ser contra a limitação de gastos federais à inflação, defendendo que esse não é o caminho para impulsionar a economia. "Tem gente da população que está a favor da PEC porque acha que é o corte dos nossos gastos, dos gastos do Parlamento, do Executivo e não está entendendo que ela corta o dinheiro do hospital, do pagamento do professor”, disse o líder da Rede, Alessandro Molon (RJ).
O líder do PT, Afonso Florence (BA), também criticou a proposta. "A PEC 241 é o desmonte de todas as políticas públicas, é o desmonte do sistema previdenciário, do SUS, do sistema público de educação no nível superior”. Para Chico Alencar (PSOL-RJ), outro problema, é que a proposta não foi discutida com a população. "A PEC não foi uma proposta feita por um governo eleito e não foi debatida com a população. Essa PEC é uma imposição por duas décadas de um arrocho. Ela tem que ser chamada de PEC do corte de investimentos”, disse o deputado.
Durante a votação, a base aliada defendeu que a crise fiscal foi uma "herança” dos governos petistas. "O PT foi cozinheiro de despesa cheia, foi perdulário”, disse o deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP). O deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) acrescentou que a PEC é "apenas o começo das reformas”. Na avaliação dos governistas, a medida vai contribuir para o crescimento da economia. "Quem gasta mais do que arrecada tem de entender que há um momento em se deve ajustar as contas. Agora é a hora do ajuste”, disse Ronaldo Benedet (PMDB-SC).
O líder do PMDB, o deputado Baleia Rossi (SP), rebateu as críticas da oposição e negou que a PEC retira recursos da saúde e da educação. "Só na saúde, teremos R$ 10 bilhões a mais no ano que vem”, disse. "Da mesma forma, todos os recursos para programas na área de educação estão garantidos. Temos compromisso com o piso e não com o teto. Essas mentiras não vão prosperar”.