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07/11/2016 Folha de São Paulo
'Não quero proteção do governo se eu não for competitivo', diz chefe da Mercedes para caminhões e ônibus
O alemão Wolfgang Bernhard, chefe mundial de caminhões e ônibus do grupo Daimler/Mercedes-Benz, tem uma receita para tirar o Brasil da crise que não é comum entre os empresários: a abertura do mercado.
"Não quero que o governo brasileiro proteja fornecedores não competitivos e não quero que me proteja se eu não for competitivo", disse Bernhard à Folha em rápida visita ao país. "O Brasil precisa ter condições de competir sem subsídios."
Ele reconhece que a Mercedes se beneficiou do apoio ao setor automotivo no governo Dilma, mas diz que a economia sofre com "abstinência" quando os subsídios são retirados, porque eles apenas antecipam o consumo.
A Mercedes enfrenta sua maior crise em 60 anos de atuação no Brasil. Entre 2013 e 2016, cortou 5.000 vagas, e a fábrica em São Bernardo do Campo opera com mais de 50% de capacidade ociosa.
O executivo disse ainda que o impeachment no Brasil não foi percebido como "golpe" pela matriz na Alemanha. "Não consigo julgar se o governo Temer tem o respeito dos brasileiros, mas sei que os governos Dilma e Lula não tinham mais."