Artigo do diretor de Comunicação do Sindifisco-RS e da Afisvec, Christian de Azevedo, publicado na edição nº 8 da Revista Enfoque Fiscal (dez/2014).
Segundo dados do Portal da
Transparência (www.transparencia.rs.gov.br),
atualmente somos 1.770 auditores-fiscais da Receita Estadual do RS. Desse
universo, 1.128 já estão aposentados e 642 estão na ativa. Se somarmos os fiscais
de tributos estaduais, cargo em extinção em decorrência da Lei Estadual nº
10.933/97, podemos dizer que são 1.129 aposentados e 643 servidores ativos que
poderiam fazer parte dos quadros de filiados e associados do Sindifisco-RS e da
Afisvec. Infelizmente, a realidade não é bem essa.
No Sindifisco-RS, são 1.487
filiados, 904 (60,8%) aposentados e 583 (39,2%) ativos. Já na Afisvec, são 868
associados, sendo 475 (54,72%) aposentados e 393 (45,28%) ativos. É possível
afirmar que 283 auditores-fiscais estão fora dos quadros de filiação e associação
das entidades que os representam, ou seja, 16%. Se considerarmos apenas a
Afisvec, a situação se agrava consideravelmente, pois são 902 auditores-fiscais
que não contribuem para essa entidade, ou seja, 51% do total.
Mais de 80% dos aposentados estão
filiados ao Sindifisco-RS e apenas 42% estão associados à Afisvec. Dentre os
ativos, mais de 90% estão filiados ao Sindifisco-RS e pouco mais de 60%, associados
à Afisvec.
Está claro que o problema maior
de filiação no Sindifisco-RS está entre os aposentados, dentre os quais o
sindicato pode buscar 225 novos filiados. Dentre os ativos, esse número cai
para 66. Para a Afisvec, o maior potencial de busca por novos associados também
está entre os aposentados: 654. Entretanto, apesar de menor, é preocupante a
quantidade de ativos que não estão associados à entidade: 250.
Esses números preocupantes,
especialmente para a Afisvec, nos fazem pensar sobre a importância, a
justificativa, para se pertencer aos quadros das duas entidades, algo que,
talvez, não esteja muito claro para a maior parte dos auditores-fiscais da
Receita Estadual do RS, tendo em vista que 60% não estão nas duas entidades
simultaneamente.
Dentre os colegas mais envolvidos
e conscientes do processo histórico que envolve a atuação das duas entidades em
defesa das reivindicações da categoria, está absolutamente claro que tanto o
Sindifisco-RS quanto a Afisvec têm papel decisivo nas conquistas alcançadas
pela classe ao longo dos anos. Se tal afirmação não fosse verdadeira, não faria
sentido um número tão expressivo de colegas pertencentes às duas entidades:
708, ou 40% do total de ativos e aposentados.
Arriscaria mesmo a dizer que boa
parte dos colegas que não estão vinculados às duas entidades têm consciência
dos resultados positivos que a atuação tanto do Sindifisco-RS quanto da Afisvec
tem proporcionado. Ocorre que, mesmo reconhecendo esse trabalho bem feito pelas
duas, a opção por não participar de ambas está alicerçada na ideia de que não
faz diferença pagar duas contribuições, quando, com apenas uma, ter-se-ia o
mesmo resultado prático em termos de defesa da categoria. Claro, vários outros
motivos podem ser arrolados, mas, no final das contas, o que resta é essa
ideia, de que as duas entidades fazem um trabalho bem feito, porém duplicado,
redundante, que teria o mesmo resultado se fosse executado por apenas uma das entidades.
Afinal de contas, aqueles que contribuem para apenas uma entidade, que são a
maioria (44% do total ou 52% dos quadros de filiados e associados), ao assim
procederem, estão declarando abertamente que não se importariam se a outra
entidade, para a qual não contribuem, se extinguisse. Esse argumento, conforme
se pretende demonstrar a seguir, está equivocado no contexto atual de atuação
conjunta da Afisvec e do Sindifisco-RS.
Desde março de 2012, entrou em
vigência um convênio em que as duas entidades representativas dos auditores-fiscais
da Receita Estadual do RS passaram a compartilhar despesas com a realização de alguns
projetos: Encontro do Fisco Estadual Gaúcho, Prêmio Gestor Público, Baile da
Integração, Fiscalíade e revista Enfoque Fiscal. Esse instrumento representou
um marco na integração entre as duas entidades e, sem dúvida, deu margem para
que houvesse compartilhamento em outros projetos e atividades, consolidando
como premissa básica a integração para o fortalecimento da categoria dos auditores-fiscais
da Receita Estadual.
Com o passar do tempo, mais e
mais projetos e atividades foram se tornando compartilhados, tais como: os
cafés com candidatos, encontros, seminários e eventos sobre diversos assuntos,
custos relacionados a movimentos de representação de classe junto aos governantes
e outros políticos e campanhas beneficentes, como o Inverno Solidário. Já a
partir do início do exercício financeiro de julho de 2012 a junho de 2013, a
quase totalidade da comunicação das duas entidades passou também a ser
compartilhada, o que se solidificou plenamente com a criação do Fisco-RS em
dezembro de 2012.
A decisão das diretorias das duas
entidades com a assinatura do convênio demonstrou-se muito acertada desde o
início de sua implantação. Isso porque o "poder de fogo” de cada uma nos projetos
e ações compartilhados praticamente duplicou após o início dessa filosofia de
integração. Para exemplificar, podemos dizer que, se, antes, com a verba de
apenas uma entidade, era possível colocar apenas um outdoor permanente por ano,
após a integração, é possível colocar dois, com o aporte de recursos da coirmã.
Alguns poderiam alegar: mas isso
já podia ser feito antes, cada uma entidade por si. É verdade, mas não era uma
ação coordenada, planejada. As entidades poderiam mesmo, como se teve notícia
do passado, estar comunicando ideias diferentes, possivelmente conflitantes, em
total desperdício de recursos e prejuízo à categoria. Em comunicação, é
consenso que a linguagem deve ser o mais unificada possível para garantir
efetividade. Se somos uma categoria só, a dos auditores-fiscais da Receita
Estadual, não podemos falar de nós mesmos de formas diferentes, com simbologias
diferentes. É preciso que no comuniquemos com a sociedade de forma única,
coordenada, enfim, integrada. Como fazer isso se não compartilhando e
integrando essas ações?
O mesmo pode ser dito em relação
aos eventos, que, além do caráter integrativo, de lazer e qualidade de vida que
promovem, também são instrumentos de transmissão de nossa imagem à sociedade.
Os eventos e campanhas beneficentes que as entidades promovem são as vitrines
pelas quais os auditores-fiscais se mostram à sociedade civil, nela incluída a
classe política, com a qual é fundamental que mantenhamos constante diálogo
para que possamos preservar os interesses de nossa classe. Nesse sentido, os
eventos são também meios pelos quais a categoria se comunica com a sociedade.
Logo, da mesma forma, devem estar alinhados com a linguagem, a estratégia, o
planejamento da comunicação levada a cabo pelo Sindifisco-RS e pela Afisvec.
As diretorias que assumiram as
entidades desde 2012 perceberam isso nitidamente, na prática, e, por isso,
aprofundaram o compartilhamento de despesas e a integração nessas áreas. Desse modo,
hoje, contrariando o pensamento expresso anteriormente, que, suponho, pertence
à maioria dos que não são filiados e associados conjuntos, não é possível
conceber que, excluída a participação de uma das entidades, isso não venha a
trazer prejuízos para a categoria. Por dois motivos, que serão expressos com um
exemplo. Imagine-se que uma das entidades deixe de participar da veiculação de
um vídeo institucional valorizando a categoria em um famoso programa de
televisão. Isso seria duplamente prejudicial: 1) porque a outra entidade talvez
nem tivesse condições de arcar com os custos dessa veiculação e, se tivesse,
para isso, teria que retirar recursos de outras rubricas orçamentárias,
diminuindo, de qualquer forma, sua atuação em favor da categoria; 2) porque a
simples saída de uma das entidades do compartilhamento representaria uma
guinada para fora do planejamento da comunicação em favor do fortalecimento da
imagem dos auditores-fiscais perante a opinião pública, refletindo, no futuro,
em menor força da classe para defender seus interesses.
Com isso, podemos dizer, sem
nenhuma dúvida, que, se uma das entidades não participar dos projetos e ações em
prol da categoria, todos os auditores-fiscais da Receita Estadual, incluindo
aqueles não filiados nem associados, mais cedo ou mais tarde serão
prejudicados. Para simplificar, podemos dizer que o "poder de fogo” desses
projetos e ações será cortado pela metade, se não mais, tendo em vista a
ineficácia de uma mensagem mal elaborada ou veiculada de formas diferentes, sem
planejamento integrado.
Esse exercício lógico, por si, é
suficiente para atestar a importância de se estar associado e filiado às duas
entidades. Entretanto, como sempre há os mais resistentes à pura teorização,
vamos mostrar alguns números.
As duas entidades iniciam seus
exercícios de execução orçamentária em julho de um ano e terminam em junho do
seguinte. No exercício iniciado em julho de 2012 e encerrado em junho de 2013,
as despesas compartilhadas entre as duas entidades representaram 11,32% do
total de despesas. Se considerarmos apenas o total de despesas corporativas,
isto é, considerando tão somente aquelas que estão relacionadas a ações de
valorização da carreira do auditor-fiscal, direta ou indiretamente, a
participação das despesas compartilhadas salta para 33,53%. Em junho de 2014,
no encerramento do último exercício, a participação das despesas compartilhadas
nas totais e nas corporativas cresceu para 14,13% e 39,83%, respectivamente.
As despesas compartilhadas de
maiores volumes são aquelas relacionadas à realização de eventos e de
comunicação, com pesos de 49,12% e 38,33%, respectivamente, registrados no
último exercício. De 2013 para 2014, essas "rubricas” aumentaram 10,01% e
24,92%, respectivamente. O maior crescimento no compartilhamento de despesas em
comunicação reflete justamente a mudança de visão das entidades no sentido da
busca de uma estratégia unificada nessa área, com vistas a melhores resultados
para a valorização da imagem do auditor-fiscal perante a sociedade, algo que
deve ser incrementado nos próximos exercícios.
A fim de facilitar o raciocínio,
com base nos números do último exercício e desprezando os valores diferentes
das mensalidades, pode-se deduzir que, das despesas compartilhadas, o associado
e filiado conjunto participa duas vezes mais do que aquele que pertence a
apenas uma das entidades. Logo, para cada R$ 1 que as entidades despendem
visando à valorização da categoria, arredondando, o auditor-fiscal vinculado a
apenas uma entidade está contribuindo com apenas 13 centavos referentes às
despesas compartilhadas e 30 referentes às demais, enquanto aquele que
contribui para as duas entidades retira de seu bolso em torno de 27 e 30
centavos, respectivamente. Assim, a cada real gasto pelas entidades em ações
visando à valorização da carreira, o auditor-fiscal vinculado às duas entidades
despende 14 centavos a mais do que aquele que está em somente uma delas.
Não é preciso dizer que o retorno
decorrente dessas ações conjuntas, que são despesas com intuito corporativo,
são os mesmos para qualquer auditor-fiscal, não importando se é vinculado às
duas, a uma ou até mesmo a nenhuma das entidades. Tal situação tende a se
"agravar”, na medida em que cada vez mais despesas serão executadas
conjuntamente, tendo em vista justamente a adoção de estratégias unificadas em
defesa da categoria, gerando maior efetividade e racionalidade nos dispêndios
das duas entidades. A realidade é que uma minoria (40%) tem dado uma parcela
maior de contribuição na defesa dos interesses de toda a classe, enquanto uma
maioria (44%) tem contribuído com apenas uma parte e 16% não contribuem com
nada.
A integração entre as entidades
começou antes mesmo da assinatura do convênio de 2012. Há quem diga que as
entidades começaram a exercer ações conjuntas na defesa da categoria desde
2005. De lá para cá, a remuneração dos auditores-fiscais da Receita Estadual
melhorou progressivamente, e isso trouxe benefícios à sociedade gaúcha, com
recordes sucessivos na arrecadação (nos últimos sete anos, o crescimento real
foi em torno de 40%), possibilitando ao Estado sobreviver com a pior dívida
pública do Brasil e, ainda assim, ter margem para algum investimento em
infraestrutura e reposição de salários.
À medida que a integração e, como
reflexo disso, as despesas compartilhadas entre Afisvec e Sindifisco-RS
aumentam, em benefício da própria classe, cresce em importância a necessidade
de o auditor-fiscal da Receita Estadual pertencer às duas entidades,
contribuindo de forma decisiva para fortalecer sua categoria, participando
desse processo de mudança contínua, que, desde que iniciou, vem trazendo
inúmeros benefícios à carreira e à sociedade gaúcha.