Os protagonistas do trabalho
investigativo acerca da Lava Jato têm sido apontados como sendo a Polícia
Federal e o Ministério Público. Nesta sexta (4), entretanto, um outro ator veio
a receber destaque: a Receita Federal.
O trabalho dos auditores-fiscais dificilmente vem ao conhecimento público. Entretanto é importantíssimo, pois, além de ser responsável pela obtenção de recursos ao Estado, tem contribuído decisivamente para a descoberta de grandes escândalos de corrupção, dentre os quais podemos citar não só a propalada Lava Jato, como também a Zelotes, esquemas que, juntos, devem ultrapassar os R$ 50 bilhões em corrupção.
Na última década, o trabalho
conjunto entre Receitas, Polícia Civil e Ministério Público tem se aprofundado
e trazido excelentes resultados. Somente em 2015, por exemplo, a Receita
Estadual do RS encaminhou 202 representações fiscais ao MP, totalizando quase
R$ 300 milhões em sonegação.
Então, por que, ao contrário do
MP e da PF, a Receita quase nunca aparece no noticiário?
Uma das respostas está no mesmo
dispositivo que permite esse trabalho integrado entre Receita e MP: art. 198 do
CTN. Aí, determina-se que o Fisco é obrigado a guardar sigilo de informações
econômicas ou financeiras dos contribuintes. Esta é a principal razão para que
os auditores-fiscais tenham todo o cuidado em não divulgar seu trabalho, o que
acaba por colocá-los no anonimato, quando não expostos à crítica pública, como
acontece, injustamente, com o Tarf aqui no RS, obrigado que está ao mesmo
artigo do CTN.
É imprescindível que venha à tona
a importância do trabalho do auditor-fiscal como ferramenta fundamental no
combate à corrupção, pois, sem ele, talvez a imprensa nada tivesse a noticiar
sobre as operações Lava Jato ou Zelotes. É fundamental que a sociedade, assim,
apoie que esse trabalho seja realizado livre de desígnios políticos, tal como
propõe a PEC 186/07.
Christian de Azevedo
Auditor-fiscal da Receita Estadual