Artigos e Apresentações
O desastre gaúcho
Zero Hora
Artigo escrito pelo auditor-fiscal aposentado Antônio Augusto D'avila e publicado pelo jornal Zero Hora no dia 29 de setembro de 2016.
Título de matéria e capa de revista de circulação nacional retratam bem a situação dramática vivida pelo Estado. Numerosos indicativos, de renda, produção, qualidade de vida (educação, saúde, segurança), emigração de jovens etc., mostram o RS em persistente queda, em especial, se comparado com outros Estados. Há muito tempo, o governo não faz os investimentos mínimos; hoje, não consegue pagar em dia seus servidores e, em breve, nem isso. De fato, as magias findaram, não há mais socorro da União, o país atravessa a pior crise das últimas oito décadas e, em termos de finanças públicas, não se chegou ao fundo do poço. A sociedade está pagando caro e vai pagar mais ainda.
Grave é que todos – governo, deputados, Judiciário, servidores, entidades empresariais, empresas, produtores rurais e as mais diversas organizações – garantem ter feito sua parte. Apenas o discurso da dívida, contra a tirania do governo central, é capaz de mobilizar e unir a todos. Minto, não há discordância alguma quanto à necessidade de investir mais, muito mais, em segurança, educação, saúde, infraestrutura, contudo, sem qualquer avaliação dos recursos necessários que, seguramente, ascendem a alguns bilhões anuais.
Pelo lado da receita, o aumento de alíquotas já mostrou seu esgotamento. Pelo lado da redução das despesas, decisões de duas ordens. Algumas, de grande impacto financeiro, estão fora da alçada do Estado. Outras, de sua exclusiva competência, seriam desgastantes e, individualmente, trariam parcos resultados. Com isso, a imobilidade é um triste fato, nada se faz para sacudir toda a administração pública, onde há um mar de desperdícios, desde os mais baixos até os mais altos níveis, excesso e duplicidades de órgãos, estatais inservíveis e deficitárias, vantagens indevidas, mordomias, em resumo, irracionalidade e ineficiência administrativas em escala monumental.
Solução? Como primeiro passo, os principais atores precisam sentar à mesa, porém, sem o estabelecimento de tabus, que não admitem discussão, e sem aquela postura de que cada um já fez a sua parte.