Artigo do diretor de Assuntos Técnicos do Sindifisco-RS, Jorge Ritter de Abreu, foi publicado no jornal Correio do Povo do dia 9 de outubro de 2017, na página 2. Confira abaixo o texto na íntegra
A nossa tributação sobre o consumo é regressiva, ou seja, incide proporcionalmente mais sobre as famílias de baixa renda. De outro lado, o Imposto de Renda tem benefícios que favorecem o topo da pirâmide. Assim, as classes de renda baixa e média são as que mais pagam impostos, considerando que boa parte dos seus ganhos, sujeitos ao imposto retido na fonte, são oriundos do trabalho e dirigidos ao consumo. Na tributação indireta (IPI, PIS e COFINS, CIDE, ICMS e ISS), as famílias mais pobres pagam proporcionalmente mais, pois gastam quase tudo o que ganham no consumo. Na tributação direta sobre a renda, citamos duas distorções: a isenção dos dividendos e a tributação exclusiva de 15% dos Juros Sobre o Capital Próprio (JSCP).
Não adianta agir apenas sobre os sintomas. Um exemplo é a Cracolândia. A ação sobre o sintoma só fez ele mudar de lugar. Por solidariedade, nosso sistema tributário deve ser corrigido. A melhoria na distribuição da renda, por meio de uma tributação mais justa, pode colocar um freio na escalada da concentração. Essa escalada sacrifica o consumo das famílias, trava o motor da economia e traz uma gama de problemas que se refletem no fraco desempenho da arrecadação pública, no desemprego, na insegurança e no ciclo de degradação social que estamos vivenciando.