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Notícia boa não rende

Já é algo bastante difundido no meio jornalístico que notícias boas, digo, sobre fatos positivos, não geram grande repercussão. Coisas boas acontecem todos os dias. Um prefeito que consegue, através de um projeto inovador, trazer benefícios a sua cidade, a melhora em indicadores sociais, o trabalho comunitário realizado por um grupo de vizinhos em um bairro, doações que empresários realizaram para famílias carentes, tudo isso, muitas vezes, passa despercebido pelo grande público. As motivações para isso são um grande desafio para psicologia, a antropologia e a sociologia, pois, afinal, parece ser algo, senão humano, ao menos, de nossa sociedade, neste tempo em que vivemos. Nas palavras de Renato Russo, “a violência é tão fascinante”.

É assim na área das variedades e na política, mas é assim também em economia. A desistência do Mercado Livre de se instalar no RS gerou enorme repercussão, com inúmeras manifestações de indignação, que se propagam até hoje nas redes sociais. O empreendimento, que previa a geração de 500 empregos, lamentavelmente não se efetivou. Há alguns dias, pouco mais de um mês, outra empresa de e-commerce, a maior do mundo, a Amazon, anunciou a instalação de um centro de distribuição em Nova Santa Rita.

A boa nova foi tema do RS em Pauta, programa da rádio web do Sindifisco-RS, do dia 17 de agosto, em entrevista com a prefeita Margarete Simon Ferretti, que também já foi vencedora do Prêmio Gestor Público, congratulação oferecida pelos auditores fiscais da Receita Estadual do RS pelo reconhecimento às boas práticas de prefeituras do Estado. Apesar de ter sido anunciada a estimativa de geração do dobro de empregos, a notícia teve pouquíssima repercussão. É como diz o ditado: “notícia ruim voa”, e não se viu um elogio, uma nota comemorativa, ao contrário, ainda se veem reclamações quanto à desistência do Mercado Livre, que, sequer, está entre as 10 maiores do mundo no e-commerce.

A instalação do CD da Amazon significa muito mais do que a simples geração de empregos, o que, sem dúvida, já justifica o empreendimento. Significa maiores facilidades e a possibilidade de preços mais baixos aos consumidores gaúchos. Maior acesso de empresas gaúchas a mercados de fora do RS. O aumento na renda e o efeito multiplicador decorrente da geração de empregos diretos e indiretos, aquecendo a economia. Em consequência, oportunidades para a geração de novos negócios, decorrente do aumento na demanda por bens e serviços. O incremento da arrecadação de impostos, com retorno direto na melhoria da prestação de serviços públicos à população de Nova Santa Rita e do RS.
Diga-se de passagem, como salientado pela prefeita na sua entrevista à RS Rádio, nenhum incentivo fiscal foi solicitado pela gigante do e-commerce para se instalar no parque logístico de Nova Santa Rita. Os diferenciais oferecidos, como a localização privilegiada, as facilidades de infraestrutura e logística, foram suficientes para a decisão tomada pela Amazon.

Não é pouco, e, ainda assim, muitos preferem se apegar ao fato negativo, o que só piora a imagem do RS e em nada contribui para a atração de novos empreendimentos.