Nenhum empresário tem como objetivo principal se manter às custas de desonerações fiscais concedidas pelo Estado. O que o move é a obtenção de lucros. O que leva, então, um empresário a pleitear isenções fiscais e a brigar tão ferrenhamente quando se cogita de retirá-los? São coisas diferentes. Pleitear por isenções, do ponto de vista do empresário, geralmente tem a ver com a concorrência, isto é, a tentativa de obter margem para vender mercadorias ou serviços a preços iguais ou mais baixos que seus concorrentes. Todavia, após concedido, como é natural do ser humano, o empresário se apega ao benefício, porque sabe que sua margem de lucro diminuirá. No final das contas, em qualquer um dos casos, a motivação é sempre a mesma: o lucro.
Do ponto de vista da sociedade, expresso, como seria de se esperar, na atuação de seus representantes democraticamente eleitos, a concessão e a manutenção de desonerações fiscais deveria seguir outras motivações, afinal trata-se de uma renúncia de receita que deixa de ingressar nos cofres públicos e ter sua destinação na prestação de serviços à coletividade. Tais motivações seriam: gerar ou manter empregos, fomentar a inovação tecnológica, propiciar desenvolvimento econômico e promover justiça social.