É impressionante o poder dos grandes grupos econômicos no Brasil. Não é à toa que somos destaque mundial em desigualdade social.
Nem mesmo a pandemia do coronavírus, com todos os seus efeitos perversos sobre a economia e a vida das pessoas, nem mesmo as milhares de vidas ceifadas, foram capazes de sensibilizar a elite econômica brasileira, a grande mídia e a classe política para aquele que é realmente o verdadeiro problema brasileiro, desde sua colonização, e que é o motivo da maior vergonha de nosso país frente ao resto do mundo: a desigualdade social e de renda.
A solução óbvia para esse problema, e, de quebra, para o caos que a pandemia vem causando ao país, por consequência, sequer chega a ser cogitada nesses meios: um sistema tributário mais progressivo, em que os que ganham mais recolhem mais, como determina, aliás, a própria Constituição Federal. Digo óbvia porque não apenas a experiência dos países desenvolvidos, que somente chegaram a esse patamar ao instituir sistemas tributários mais progressivos, como forma de fazer frente às despesas causadas pela Segunda Grande Guerra, mas, agora mesmo, a fim de enfrentar a pandemia, vários governos adotaram diversas soluções pela via tributária, aumentando a carga para os mais ricos.
No Brasil, esse assunto parece um tabu, evita-se de falar nele, e as “soluções” apontadas pelo governo e a grande mídia são, como sempre, a diminuição do Estado e uma “esmola” para os mais pobres. O Brasil parece ser o único país no mundo que, em qualquer situação de crise, como, aliás, estamos passando em praticamente toda a última década, aponta como saída, em vez do fortalecimento do Estado, que é o único capaz de congregar a sociedade e oferecer uma ajuda efetiva à imensa população pobre brasileira, o seu enfraquecimento. Os exemplos históricos mundo a fora, existentes em abundância, indicam que a saída para qualquer situação de crise econômica requer, sempre, uma atuação forte do Estado, e não o seu enfraquecimento. Tais exemplos, e, de novo, os milhares de mortos, não parecem ser suficientes para as elites econômica, política e midiática enxergarem a realidade que está a um palmo de seus narizes.
O torcedor do Internacional, produtor de soja, que pouco emprego gera e praticamente nada de imposto recolhe em sua atividade, que, em pleno contexto de caos pandêmico em que vivemos, doou um milhão de reais para que o Rodinei pudesse jogar uma partida parece ser o melhor retrato de nossa elite, que não sabe onde colocar tanto dinheiro e pouco se importa com a desigualdade que bate a sua porta.
Não é à toa que somos destaque mundial em desigualdade...