Notícias
24/03/2009 FOLHA DE SÃO PAULO
Administradores de fundos já mostram interesse por papéis
Por trás da forte reação positiva do mercado está a esperança de que os maiores bancos dos EUA conseguirão finalmente se livrar de boa parte dos ativos "tóxicos". E assim voltar a emprestar com mais força a empresas e consumidores. O plano foi anunciado no momento em que a aversão ao risco no sistema bancário dos EUA passava por uma nova onda negativa por causa da expectativa cada vez mais pessimista para o crescimento dos EUA e das economias mais avançadas.
O FMI estima que a economia americana se contraia até 3,5% neste ano; a zona do euro, 3,2%; e o Japão, 5,8%. Até aqui, o ciclo vicioso vinha se autoalimentando: menos crédito levou a menor atividade econômica, que provocou cortes na produção e no emprego. Daí o temor cada vez maior dos bancos de emprestar, reforçando o ciclo destrutivo.
O pacote apresentado ontem procura justamente quebrar o primeiro elo dessa cadeia, ao tentar "arejar" o balanço dos bancos, livrando-os dos títulos "tóxicos" para que possam assumir um pouco mais de risco nos empréstimos.
Com todos os incentivos e as vantagens oferecidos pelo Tesouro para quem entrar no programa, o mercado agora aposta que de fato os bancos começarão a se livrar desses papéis. Bill Gross, principal administrador do Pimco (Pacific Investment Management Co.), o maior fundo de investimentos do mundo (com US$ 800 bilhões), afirmou que sua empresa participará dos leilões para comprar ativos "tóxicos". "Esta talvez seja a primeira política em que todos ganham a ser colocada sobre a mesa. Ela deve ser vista com muito entusiasmo", disse Gross à Reuters. "O plano não é uma panaceia ou uma bala de prata, mas será suficientemente bom para acalmar um pouco a ressaca do sistema bancário", disse Laurence Fink, presidente do fundo BlackRock, de Nova York.
O Tesouro dos EUA afirmou ontem que está contando com a participação de fundos como o Pimco e BlackRock. Durante o final de semana, vários administradores de fundos foram procurados por funcionários do Tesouro, ou pelo próprio secretário, Timothy Geithner, para serem encorajados a participar.
Na Bolsa de Nova York ontem, quase todas as ações de fundos que afirmaram publicamente que pretendem entrar no programa fecharam com expressiva valorização.
Os papéis da BlackRock, por exemplo, subiram 18%. Os do fundo Fortress Investment Group, 37%.
Até aqui, mesmo os investidores que tinham interesse em comprar ativos "tóxicos" dos bancos com grandes deságios em relação ao valor de face não obtinham financiamento no mercado. Com o governo garantindo cerca de 95% da compra e financiamento, a expectativa é que haja uma procura bem maior pelos papéis. (FCZ)