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30/03/2009 AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DA AL
Documento entregue pela ALRS contém propostas às esferas estadual e federal
O documento que o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ivar Pavan (PT), entrega nesta manhã (27) à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e aos secretários de Estado do Rio Grande do Sul, Mateus Bandeira, do Planejamento e Gestão, e Ricardo Englert, da Fazenda, contém cinco propostas, consideradas emergenciais e prioritárias, dirigidas ao governo estadual e outras cinco ao governo federal. O documento contém ainda outros dois núcleos de propostas, emergenciais e de médio prazo, destinadas à apreciação dos governos estadual e federal. A seguir a íntegra do documento.
ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO RIO GRANDE DO SUL
GABINETE DA PRESIDÊNCIA
AUDIÊNCIA PÚBLICA
DIAGNÓSTICO E ALTERNATIVAS PARA ENFRENTAR A CRISE
NO RIO GRANDE DO SUL
PRESENÇAS
Ministra-Chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Secretário de Estado de Planejamento e Gestão, Mateus Bandeira.
Secretário de Estado da Fazenda, Ricardo Englert.
Entidades Empresarias, de Trabalhadores e Cooperativas.
Realização:
Presidência da Assembléia Legislativa.
Comissão de Economia e Desenvolvimento Sustentável.
Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo.
Comissão de Finanças, Planejamento, Fiscalização e Controle.
Comissão Mista Permanente do Mercosul e Assuntos Internacionais.
Apoio:
Fórum Democrático de Desenvolvimento Regional.
Data
: 27/03/09 – 10 horas.
Local
: Plenário 20 de Setembro do Palácio Farroupilha – Assembléia Legislativa.
DOCUMENTO ENTREGUE PELO PRESIDENTE, DEPUTADO IVAR PAVAN, AOS GOVERNOS ESTADUAL E FEDERAL
Excelentíssima Senhora Ministra-Chefe da Casa Civil, Dilma Rouseff, Excelentíssimos Secretários de Estado de Planejamento e Gestão, Mateus Bandeira, e da Fazenda, Ricardo Englert, demais autoridades já nominadas.
Ao assumir a presidência da Assembleia Legislativa, em 31 de janeiro, anunciei as linhas de trabalho para a gestão de 2009, organizadas em três eixos: Democracia e Valorização do Parlamento; Crise Mundial, Políticas Públicas e Desenvolvimento; Agricultura e Soberania Alimentar. No eixo Crise Mundial, Políticas Púbicas e Desenvolvimento enfatizei que se tratava da crise de um modelo e que o Parlamento Gaúcho estava desafiado a buscar alternativas e a debater o papel do Poder Público no próximo período.
Destaquei que o Parlamento não poderia eximir-se de debater questões como: o papel do Estado na elaboração, financiamento, execução e fiscalização das políticas públicas; a importância do Estado no processo de desenvolvimento; as prioridades dos governos no enfrentamento da crise. Propus a realização imediata de um grande debate com empresários, trabalhadores, poder público e outras organizações da Sociedade, na perspectiva de desencadear uma melhor análise dos impactos da crise nos diferentes setores e construir alternativas a serem propostas. Frisei que era inadiável que a Assembleia Legislativa, como espaço legítimo de discussão da política, assumisse a responsabilidade de fomentar ações, projetos, eventos e iniciativas que prevenissem e buscassem alternativas de enfrentamento à crise.
Já no dia 18 de fevereiro convidamos entidades representativas de empresários, de trabalhadores e de cooperativas para uma reunião na Assembléia Legislativa. Com a presença dos principais representantes do setor produtivo, definimos a realização de debates regionais para diagnosticar e apresentar alternativas para enfrentar a crise. Definimos também a constituição de um Grupo de Trabalho, formado por técnicos das Entidades e da Assembléia Legislativa, para subsidiar os debates e sistematizar as propostas apresentadas.
Nesse contexto, e assumindo a diretriz de aproximar o Parlamento da sociedade e de fortalecer as Comissões Temáticas, o Plenário e o Fórum Democrático, propusemos que o debate desse e de outros temas fosse assumido pela Casa. Imediatamente, quatro Comissões, juntamente com o Fórum Democrático, assumiram o tema da crise como prioritário: da Economia e Desenvolvimento Sustentável; da Agricultura, Pecuária e Cooperativismo; de Finanças, Planejamento, Fiscalização e Controle; do Mercosul e Assuntos Internacionais. Assim, realizamos três Audiências Públicas regionais: em Caxias do Sul, coordenada pela Comissão de Economia e Desenvolvimento; em Não-Me-Toque, coordenada pela Comissão de Agricultura; em Pelotas, coordenada pela Comissão de Finanças.
O diagnóstico aponta que a crise financeira mundial está atingindo todo planteta. Mesmo que o Brasil esteja mais preparado que outros países para enfrentar a crise, seus impactos já são sentidos no Rio Grande do Sul, com a desestruturação de cadeias produtivas e a geração de desemprego.
Do ponto de vista da estratégia, as manifestações nas Audiências Públicas evidenciaram que a superação da crise passa pela ação do Estado. Investimentos públicos que dinamizem a economia e minimizem os impactos da redução da atividade econômica são fundamentais. Da mesma forma, os debates evidenciaram a necessidade de se repensar o papel do Poder Público no próximo período.
Como síntese dessa primeira parte do processo, apresentamos ao Governo Estadual e ao Governo Federal um conjunto de propostas visando reduzir o impacto da crise no Rio Grande do Sul. O documento, que procurou incorporar as contribuições de todas as entidades participantes, está organizado em três partes: Propostas para o Governo Estadual; Propostas para o Governo Federal; Propostas Polêmicas. As propostas para os Governos estão organizadas da seguinte forma: Propostas emergenciais prioritárias e acordadas entre as entidades empresariais, de trabalhadores e cooperativas; outras medidas emergências apresentadas pelas entidades; medidas de médio prazo.
PROPOSTAS PARA O GOVERNO ESTADUAL
Propostas emergenciais prioritárias acordadas pelas entidades empresariais, de trabalhadores e cooperativas ao Governo Estadual
- Reformulação do Simples Gaúcho, retomando as alíquotas vigentes até julho de 2007, com ampliação do número de empresas beneficiadas e inclusão das cooperativas no Programa.
- Compensação integral e imediata dos créditos de ICMS devidos aos exportadores.
- Dilatação dos prazos de recolhimento do ICMS.
- Regularização fiscal e credenciamento da Companhia Estadual de Silos e Armazéns - CESA, como forma de viabilizar novos espaços de armazenamento, permitindo operar com os instrumentos de comercialização do Governo Federal.
- Manter, até 31 de dezembro de 2010, todos os benefícios fiscais do setor agropecuário.
Outras propostas emergenciais apresentadas ao Governo Estadual
- Isenção de ICMS sobre as máquinas e equipamentos agrícolas que se enquadram no Programa Mais Alimento do Governo Federal.
- Suspensão da fruição de benefícios fiscais para empresas que reduzirem o número de postos de trabalho.
- Concessão de benefícios fiscais a cadeias produtivas e não a empresas isoladamente, evitando a concorrência desleal dentro de um mesmo setor.
- Concessão de Fundopem para empresas agroindustriais condicionada à produção de matéria-prima, evitando a disputa de matéria-prima com as empresas já instaladas.
- Aquisição de produtos da Agricultura Familiar nos programas de Merenda Escolar.
- Ampliação do quadro técnico e dos investimentos em assistência técnica e extensão rural, recuperando a Emater.
- Adesão imediata do Rio Grande do Sul ao SUASA (Sistema Único de Sanidade Animal).
- Criação Imediata do Fundoleite.
- Suspensão da execução ou cobrança em dívida ativa dos agricultores com financiamento junto ao FEAPER e outros programas e criação de um grupo de trabalho para elaboração de uma proposta de renegociação.
- Participação do Estado no Programa de Habitação do Governo Federal e utilização de imóveis públicos do Estado para moradia.
- Revogação do Decreto 44.879/2007, que eliminou os subsídios da energia elétrica dos primeiros 100 kw consumidos por agricultores.
- Implantação imediata de 5 mil microaçudes para amenizar os problemas com a estiagem na Agricultura Familiar e preservação com regularização dos microaçudes já existentes.
- Criação de programa específico de abastecimento de água para os agricultores.
- Desconto no troca-troca de sementes de no mínimo 50% para os municípios atingidos por vendavais, estiagens e inundações, podendo ampliar os descontos conforme o nível de perdas.
- Implementação do Seguro Agrícola Estadual.
Propostas de médio prazo apresentadas ao Governo Estadual
- Direcionamento de maiores investimentos e financiamentos para a produção por parte dos bancos oficiais.
- Revisão dos critérios para a concessão de benefícios do Fundopem e Integrar.
- Adequação da legislação ambiental às diferentes realidades e atividades econômicas.
- Garantia, por parte do Estado, de renda permanente para o Agricultor Familiar.
- Estímulo à agregação de valores nos produtos do setor primário.
- Ampliação de recursos para fomento à pesquisa voltada para a Agricultura Familiar.
- Estímulo à formação de redes de comercialização de produtos da economia solidária.
- Recuperação e fortalecimento da UERGS.
PROPOSTAS PARA O GOVERNO FEDERAL
Propostas emergenciais prioritárias acordadas pelas entidades empresariais, de trabalhadores e cooperativas ao Governo Federal
- Redução das taxas de juros para um dígito e maior esforço para a redução das taxas bancárias.
- Estender o benefício de redução de IPI, dado para as montadoras, para os fabricantes de máquinas e implementos agrícolas e isenção de impostos sobre as máquinas e equipamentos agrícolas que se enquadram no Programa Mais Alimento, do Governo Federal.
- Eliminação da restrição que impede os agricultores que tiveram três perdas na mesma atividade produtiva nos últimos 60 meses de ter acesso ao PROAGRO.
- Redução dos entraves burocráticos, com flexibilização dos limites e garantias, para a efetiva liberação dos recursos do PRODECOOP de R$ 700 milhões para capital de giro das cooperativas.
- Reajuste nos preços mínimos oficiais, especialmente da uva, do feijão, do milho e do trigo e inclusão dos suínos na Política de Garantia dos Preços Mínimos. No caso do trigo, revisar a decisão do Conselho Monetário Nacional, aprovada ontem (26/03), que reajustou os tipos de trigo com percentuais diferentes, prejudicando o Rio Grande do Sul, que produz trigo brando.
- Outras propostas emergenciais apresentadas ao Governo Federal
- Alongamento e securitização das parcelas vencidas e vincendas de custeio e investimento dos financiamentos para o setor produtivo por parte dos bancos públicos.
- Redução nos preços do óleo diesel.
- Consolidação de uma política de proteção do setor suinícola, com ampliação do valor do EGF para estocagem de carcaça, crédito para custeio pecuário e crédito de retenção de matrizes.
- Ampliação dos programas oficiais de aquisição de alimentos
- Criação de um programa de infraestrutura de armazenamento e de produção e Reestruturação da CONAB, ampliando sua capacidade operacional e financeira.
- Criação de um programa para construção de silos comunitários credenciados pela CONAB , tanto para grãos, quanto para frios.
- Maior controle do Governo Federal no mercado de insumos, fertilizantes e defensivos agrícolas, com a criação de uma estatal com este objetivo.
- Alteração da Medida Provisória nº449 que veda a compensação dos débitos relativos à antecipação mensal por estimativa do Imposto sobre Renda da Pessoa Jurídica e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido apurados na forma do art. 2O da Lei no 9.430/96.
- Proteção do trigo nacional, com a manutenção da Tarifa Externa Comum – TEC em 10% e incorporação de salvaguardas.
- Alteração da incidência de IOF no financiamento de carros usados.
Propostas de médio prazo apresentadas ao Governo Federal
- Aprovação da Reforma Tributária, garantindo a redução da carga fiscal sobre a produção e o fim da guerra fiscal.
- Agilização dos investimentos já anunciados para habitação e infra-estrutura.
- Direcionamento de maiores investimentos e financiamentos por parte dos bancos oficiais para a produção.
- Ampliação do Proagro, incorporando produtores que não financiam a lavoura e garantindo renda aos agricultores.
- Manutenção do imposto de importação de vinhos do Chile, Argentina e Uruguai, cujo término está previsto para 2010/2011.
- Adequação da legislação ambiental às diferentes realidades e atividades econômicas.
- Intensificação da Reforma Agrária e fortalecimento da Agricultura Familiar, tendo por base num novo modelo tecnológico e de preservação ambiental.
- Aprofundamento das políticas de incentivo ao consumo de produtos da Agricultura Familiar.
PROPOSTAS POLÊMICAS APRESENTADAS
- Nesse ponto, incluem-se propostas consideradas polêmicas, onde se evidenciaram posições bastante contraditórias, e que necessitam de um maior debate.
Na questão ambiental, envolvendo o Decreto n.º 6.514, que trata da reserva legal de 20%, impossibilitando compensar com áreas de preservação permanente e os processos de licenciamento ambiental.
Em relação ao Salário Mínimo Regional, há divergências quanto ao mérito, percentuais e data de reajuste e a instituição ou não de uma política permanente para as recomposições futuras.
- Na Política Fiscal, há divergências entre os que defendem a redução do superávit primário e os que defendem sua manutenção com redução dos gastos em custeio.
- Esse ato e essas propostas traduzem nosso compromisso de tornar o Parlamento o espaço de debate dos grandes temas e de mediação dos problemas da sociedade gaúcha junto aos governos.
Porto Alegre, 27 de março de 2009.