Além de deputados e senadores de mais de 10 partidos, o ato reuniu economistas, fazendários, auditores fiscais, tributaristas e entidades representativas do serviço público.
Na oportunidade, foi apresentado o Manifesto do projeto Reforma Tributária Solidária contendo dados inéditos e comparações com outros países, além de oito premissas essenciais para mudanças no modelo atual, focadas na progressividade tributária.
O texto, baseado em artigos escritos por mais de 40 especialistas na área, traz um profundo diagnóstico do sistema tributário brasileiro e aponta seu principal problema: a regressividade. Pelo caráter técnico e suprapartidário, o documento foi apoiado por líderes de partidos das mais diversas frentes, como PSDB, PROS, PSD, PSOL, PT, entre outros.
"Este é um trabalho magnífico, que tem o viés da eficiência", afirmou o deputado Luiz Carlos Hauly, do PSDB/PR.
Já para o deputado Henrique Fontana, do PT/RS, a forma mais eficiente de se combater a desigualdade é por meio de mudanças propostas pela Reforma Tributária Solidária. “Precisamos de uma estrutura tributária cidadã, que combata a sonegação, freie as desigualdades e promova o desenvolvimento do Brasil.
O líder do Partido Republicano da Ordem Social (PROS), Felipe Bornier defendeu a justiça fiscal e lembrou que o partido está colhendo assinaturas para a constituição de uma Frente Parlamentar, para ampliar o debate sobre o tema no Congresso Nacional.
Segundo dados apresentados na Câmara dos Deputados, o país está na contramão das nações desenvolvidas. Enquanto os países que compõem a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) têm em média uma tributação de 32,4% nos bens de consumo e serviços, o Brasil cobra 49,7%. “Essa característica trava nossa economia. É preciso rever esse modelo pois, com ampliação dos rendimentos das famílias, aumenta a propensão para o consumo que, por sua vez, incentiva os investimentos na produção, gerando emprego. A distribuição da renda é benéfica ao crescimento porque amplia o mercado interno de consumo de massas”, explica Charles Alcantara, presidente da Fenafisco.
PROPOSTA
O professor de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenador do projeto, Eduardo Fagnani, criticou o modelo tributário atual e reafirmou que o combate à desigualdade social exige uma reforma do nosso sistema tributário, classificado por ele como injusto, regressivo e punidor da população carente.
“O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo, só perde para a África do Sul. A desigualdade está na tributação, no acesso a bens e serviços, nos salários, gênero e raça. Uma reforma focada apenas na simplificação de tributos não pode enfrentar as desigualdades. Temos que fortalecer o gasto social”, advertiu.
Fagnani apresentou as linhas gerais do projeto, que além de nova tabela de Imposto de Renda baseado na progressividade, compreende a taxação de lucros e dividendos, a criação de fundo para financiar políticas socioambientais, e o fortalecimento da Administração Tributária para combater a sonegação, evasão e elisão fiscal.
O documento lançado na Câmara dos Deputados traz oito premissas para a reforma tributária necessária:
- Reforma do sistema tributário nacional deve ser pensada na perspectiva do desenvolvimento;
- Deve fortalecer o estado de bem-estar social em função do seu potencial como instrumento de redução das desigualdades sociais e promotor do desenvolvimento nacional;
- Deve promover a sua progressividade pela ampliação da tributação direta;
- Deve promover a progressividade pela redução da tributação indireta;
- Deve restabelecer as bases do equilíbrio federativo;
- Deve reconsiderar a tributação ambiental;
- Deve aperfeiçoar a tributação sobre o comércio internacional;
- Deve fomentar ações que resultem no aumento das receitas sem aumentar a carga tributária pela revisão das renúncias fiscais e o combate à sonegação.
Segundo Floriano Martins de Sá Neto, presidente da Anfip, o Manifesto se fez necessário, pois não existem, atualmente, propostas de reforma tributária que reestruturem o sistema de fato. “As diversas alternativas que estão sendo elaboradas por setores da sociedade, do governo, do parlamento e das associações de classes desconsideram essas premissas fundamentais. O propósito dessas iniciativas é, unicamente, “simplificar” o sistema pela substituição de diversos tributos indiretos por um Imposto sobre o Valor Agregado (IVA) o que, se importante, não é suficiente para transformá-lo num instrumento para operar em favor do crescimento, da equidade e do fortalecimento da federação”, conta.
O manifesto completo já está disponível na página da Reforma Tributária Solidária pelo link http://reformatributariasolidaria.com.br/manifesto/.
A Reforma Tributária Solidária: menos Desigualdade, mais Brasil tem o apoio do Conselho Federal de Economia (Cofecon), do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), da Fundação Friedrich-Ebert-Stiftung Brasil (FES), do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), do Instituto de Justiça Fiscal (IJF) e da Oxfam Brasil.
Parlamentares presentes:
Deputados
Alice Portugal | PCdoB-BA
Tenente Lúcio |PR-MG
Felipe Maia |DEM-RN
Arnaldo Jardim|PPS-SP
Capitão Fábio Abreu|PR-PI
Átila Lira |PSB-PI
Izalci Lucas|PSDB-DF
Júlio César| PSD-PI
Erika Kokay| PT-DF
Ságuas Moraes| PT-MT
Valtenir Pereira |PMDB-MT
Weliton Prado| PROS-MG
Zenaide Maia|PHS-RN
Felipe Bournier|PROS-RJ
Edmilson Rodrigues|PSOL-PA
Ivan Valente| PSOL-SP
André Amaral|PROS-PB
Bohn Grass| PT-RS
Jô Moraes|PCdoB-MG
Marinaldo Roseno|PP-PE
Glauber Braga|PSOL-RJ
Paulo Foletto|PSB-ES
Chico Alencar|PSOL-RJ
João Vicente Goulart|PPL-RS
SENADORES
Hélio José|PROS-DF
Fátima Bezerra|PT-RN