13/09/2019 Gaúcha ZH
Se for bem-sucedida a operação de venda de ações do Banrisul, o dilema do governador Eduardo Leite será decidir qual das duas promessas de campanha descumprir: a de colocar os salários em dia ou a de não usar no custeio o dinheiro obtido com desestatizações. Todos os sinais são de que Leite já fez a opção por pagar as folhas atrasadas, alegando que herdou esse passivo.
Se perguntar aos servidores se preferem ver o dinheiro do Banrisul empregado no pagamento dos salários ou em investimentos como asfalto ou construção de presídios, não há dúvida de que a primeira opção ganhará de goleada. Leite será criticado por quem acha que o dinheiro das ações só pode ir para investimentos, mas terá a seu lado os funcionários públicos e a maior parte dos deputados.
Um movimento encabeçado pelo deputados Luís Augusto Lara (PTB) dará respaldo ao governador para pagar as contas. Nesta quinta-feira (12), Lara reuniu entidades que representam os servidores para defender a tese de que os salários e a área de saúde devem ser prioridade.
– Se colocar a folha em dia, o governo injeta dinheiro na economia, movimenta o pequeno comércio e acaba com essa história de que não se pode nem tapar os buracos de uma estrada porque não consegue nem pagar os salários – justifica Lara, esclarecendo que se trata de uma posição pessoal e não da presidência da Assembleia.
Vender ou não as ações é pauta vencida. O Estado vai se desfazer de todas as que excedem o mínimo necessário para manter o controle. A questão agora é o destino do dinheiro. Nos últimos meses, Leite já vinha aplainando o discurso para reduzir a polêmica a uma questão semântica: salário atrasado é passivo e precisa ser quitado para que a máquina volte a andar nos eixos.
Luís Augusto Lara tem um argumento irrefutável para defender a prioridade à quitação da folha com o dinheiro do Banrisul: com salários em atraso, não haverá clima para o Piratini propor as reformas que envolvem carreiras e previdência dos servidores.
Apesar de o projeto do orçamento de 2020 ter sido enviado à Assembleia com previsão de reajuste de 4,06%, está encaminhado um acordo entre os poderes para reduzir a correção a pouco mais de 2%.
Nesta sexta-feira (13), as equipes técnicas devem chegar ao número que será apresentado segunda-feira, na audiência de conciliação marcada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli. O Piratini espera ajuda dos outros poderes para fechar as contas de 2019.
Para tratar das dívidas patronais com o IPE Saúde, o presidente do instituto, Marcus Vinícius de Almeida, recebe nesta sexta a direção geral de cada um dos poderes. A ideia é iniciar um trabalho de aproximação e quitação dos débitos, que somam R$ 637 milhões.
Na quinta, o deputado Pepe Vargas (PT) entregou à presidência da Assembleia um documento que solicita que a Casa pague suas dívidas junto ao IPE Saúde.
O Legislativo deve mais de R$ 24 milhões, mas só reconhece R$ 12 milhões (sem correção monetária), devidos a partir de 2018.