27/02/2020 Correio Braziliense
O presidente Jair Bolsonaro avisou que, depois de muitas idas e vindas entre o Palácio do Planalto e o Ministério da Economia, a reforma administrativa enfim está pronta para ser enviada ao Congresso nos próximos dias. Por isso, os parlamentares estão intensificando as negociações em torno da proposta. Os deputados e senadores que defendem a atualização das regras do funcionalismo público preparam o lançamento de uma Frente Parlamentar Mista da Reforma Administrativa — que vai trabalhar em favor da proposta, contrapondo-se à Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público.
A Frente Parlamentar Mista da Reforma Administrativa será presidida pelo deputado Tiago Mitraud (Novo-MG) e deve ser lançada assim que o Congresso voltar do recesso de carnaval, na próxima semana. “A criação tem como objetivo reunir parlamentares e representantes da sociedade em prol de uma agenda legislativa por uma reforma administrativa que seja ampla e gere resultados positivos para o país no longo prazo”, explicou Mitraud,
Segundo o deputado, 226 parlamentares de 23 partidos diferentes apoiaram a criação da frente. Os vice-presidentes do grupo já foram escolhidos: os senadores Antonio Anastasia (PSD-MG) e Kátia Abreu (PDT-TO), que, assim como Mitraud, também saíram em defesa dessa e das outras reformas econômicas que vêm sendo tocadas pelo Congresso.
Ele, no entanto, não quis comentar os detalhes do texto da reforma que será enviado ao Congresso pelo Executivo. O deputado afirmou que ainda não teve acesso à versão final do projeto e, por isso, desconhece possíveis pontos polêmicos. “Não há ainda uma proposta para cada tema”, salientou.
Para um alinhamento em relação aos diversos pontos da reforma, a Frente Parlamentar Mista da Reforma Administrativa promete “levantar diagnósticos, discutir com especialistas, órgãos e representações envolvidas para, a partir disso, propor soluções”, bem como “esclarecer aos brasileiros as principais questões que ainda geram dúvidas sobre a necessidade da reforma e os benefícios que ela vai trazer ao Brasil”.
Mitraud garante, inclusive, que a ideia de formar uma frente em defesa da reforma administrativa não surgiu neste ano, quando a sociedade civil e o funcionalismo endureceram as críticas à proposta por conta, entre outras coisas, do ataque do ministro da Economia, Paulo Guedes, que comparou os servidores a parasitas para defender o fim do reajuste automático.
“Esse tipo de declaração (de Guedes) desvia o foco do cerne da discussão e, ao mesmo tempo, dá munição para grupos que já se organizaram contra a reforma antes de saberem do conteúdo. De toda forma, a importância de mudanças é muito maior que qualquer declaração, e é para elas que iremos trabalhar”, avalia.
Prós e contras não têm votos suficientes
Se os 226 deputados e senadores que apoiaram a criação da Frente Parlamentar Mista da Reforma Administrativa de fato aderirem à iniciativa, o grupo será um pouco menor que a Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público, que conta com 244 signatários e é contra a maior parte das propostas elaboradas pelo governo. Nenhuma das duas frentes, contudo, tem o número de votos suficientes para ganhar a disputa em plenário.