25/06/2020 Imprensa Sindifisco-RS
O ex-governador e ex-senador Pedro Simon (MDB-RS) afirmou , em entrevista concedida aos jornalistas Heverton Lacerda e Luiz Augusto Kern (Lak), no programa RS em Pauta, da RS Rádio, no último dia 19 de junho, que é favorável a um grande entendimento nacional que afaste qualquer disputa referente ao pleito de 2022. O objetivo principal, para Simon, é enfrentar o que chamou de “anarquia” que está ocorrendo no governo federal. Ele comparou o momento em que os militares tomaram o governo em 1964 e o de agora e disse que há uma diferença imensa de contextos, não acreditando que venha a ser implementado um novo regime ditatorial no país. O emedebista também avaliou como extremamente grave que o ex-amigo e assessor do filho do presidente da República, enquanto deputado estadual no Rio de Janeiro, Fabrício Queiroz, estivesse escondido na casa do advogado, Frederick Wassef, justamente quem defende Jair Bolsonaro. “Isso é um fato sério. O fato em si é muito sério. Como é que o advogado do presidente vai ter dentro da sua casa, esconder dentro da sua casa, alguém que está sendo procurado pela polícia?”, questiona.
O ex-senador e ex-governador diz ter uma angústia de não saber até que ponto o Bolsonaro tem autonomia, personalidade para ser quem ele realmente é. Aquilo que ele deve ser e se controlar separado daquilo que deve dizer e daquilo que ele não deve. “Ele demitiu esse ministro da Educação (Abraham Weintraub), que já fez uma série de bobagens, e o presidente, ao invés de se colocar ao lado dele, de se desgastar por causa dele, já o devia ter demitido há muito tempo”, argumenta. Simon também se refere aos filhos do presidente Bolsonaro. “Esses filhos dele, lamentáveis. Na verdade, ele podia ter filhos melhores, um é senador, outro é deputado federal, o outro é vereador. O que demonstra que eles têm capacidade, eles foram bem conduzidos, foram bem educados, mas, de repente, não sei o que deu neles, quando chegaram lá, com o pai presidente... podiam estar ao lado dele, apoiando. Mas eles são praticamente adversários do presidente. Eu tenho pena dele. Obviamente ele gosta dos filhos, mas não vê a diferença de comportamento que deveriam ter”.
Sobre as redes sociais, Simon se disse muito satisfeito com o que está vendo. “O que está acontecendo hoje com as redes sociais, talvez uma das maiores revoluções do mundo moderno, como nunca houve na história, leva o povo a participar. A sociedade participa. Hoje o debate não se resume ao que a gente fala no Senado e que ninguém fica sabendo. Hoje temos televisões ao vivo, os debates são ao vivo e todo mundo pode dizer o que pensa.” Ele recorda que, em 1964, quando derrubaram o presidente João Goulart (Jango), “a TV Globo e um grupo tomou conta de tudo, diziam o que queriam, e nunca se soube o que era e o que não era verdade, o que ia ser e o que não ia ser. Hoje não. Hoje o Brasil inteiro participa, e essas redes sociais fazem com que haja um conhecimento, um aprofundamento real da situação que nós estamos vivendo.”
Para o ex-senador e ex-governador do Estado, agora é diferente. “Por isso que eu acho muito importante, eu vejo com muita emoção esses debates, porque, na verdade, é o povo que está sendo conscientizado, está se esclarecendo. O nosso problema é que hoje também há muita confusão. Fico pensando num eleitor, um cidadão que quando aparece o Presidente da República falando vai para um lado. Quando aparece a oposição, com várias facções diferentes uma da outra, se encaminha para outro. Então, qual é o caminho? Eu acho, com toda a sinceridade, que o caminho é a democracia. O caminho não é a luta armada não, não é partir para radicalismos de esquerda ou de direita. Podem querer isso, mas é uma loucura.”
Neste ponto, o emedebista cita a proliferação de mentiras que corre pelo Brasil, segundo ele. “E parece que há gente ligada ao oficialismo (governo Bolsonaro) metida nisso, a chamada rede de ódio. Não sei o que é e o que não é, mas é muito grave isso que está acontecendo. Realmente nós temos que encontrar uma fórmula de fazer essa diferença. Eu sei que é um desafio difícil. Este é o drama que nós estamos vivendo, por isso que, se houvesse um grande entendimento nacional, seria muito bom.”
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