18/08/2020 Oxfam
Os grandes supermercados do mundo estão lucrando bilhões ano após ano a um custo muito alto: péssimas condições de trabalho, pobreza e sofrimento para milhões de homens e mulheres trabalhadoras e agricultores em diversas partes do planeta. A situação é tão desesperadora que muitos dos que produzem nossos alimentos mal têm o que comer. É o que revela o novo relatório da Oxfam “Hora de Mudar – Desigualdade e sofrimento humano nas cadeias de fornecimento dos supermercados”, lançado nesta quinta-feira (21/6). O documento é a base de uma nova campanha global da organização, que cobra mudanças urgentes na distribuição dos ganhos deste segmento para melhorar a remuneração dos trabalhadores rurais e pequenos produtores, as condições de trabalho e a desigualdade de gênero na cadeia de fornecedores de alimentos na América Latina, África e Ásia.
Baixe aqui o relatório completo (versões em espanhol e inglês também disponíveis)
O relatório aponta que grandes redes de supermercados da Europa e Estados Unidos podem atuar decisivamente para mudar a situação de pobreza e más condições de trabalho de milhões de pessoas no mundo.
“O setor privado tem o potencial para tirar milhões de pessoas da pobreza, mas os grandes supermercados europeus e americanos estão acumulando riquezas sobre o trabalho degradante de homens e mulheres no campo”, afirma Katia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil. “Em muitos casos, devolver 1 ou 2% do preço de varejo – e isso pode significar alguns centavos apenas – poderia mudar a vida das milhares de pessoas que hoje produzem nosso alimento, mas mal têm o que comer.”
O Brasil foi um dos doze países incluídos no levantamento feito pela Oxfam para mostrar como a cadeia de produção se relaciona com a distribuição de alimentos e a exploração do trabalho.
“Os supermercados precisam enxergar sua responsabilidade sobre o que vem acontecendo no outro extremo de sua cadeia produtiva, onde estão trabalhadores e pequenos e médios produtores”, explica o assessor de políticas da Oxfam Brasil, Gustavo Ferroni. “Com o poder de compra que possuem, eles podem definir direta e indiretamente as condições de produção, exigindo – por exemplo – o compromisso de seus fornecedores para acabar com jornadas exaustivas, empregos informais, trabalho escravo e outras condições desumanas no campo”, acrescenta ele.
Por esse motivo, a nova campanha da Oxfam pressiona supermercados e governos de todo o mundo a atuarem com firmeza contra a precariedade do trabalho no campo, exigindo maior transparência sobre a procedência dos alimentos, fim da discriminação contra as mulheres e garantia de que agricultores e produtores recebam uma parcela mais justa do que é pago pelos consumidores no varejo.
Para a produção deste relatório foi contratada a consultoria de pesquisa Bureau for the Appraisal of Social Impacts for Citizen Information, que estudou a cadeia de 12 produtos de países em desenvolvimento que são vendidos nos supermercados europeus e norte-americanos: café (Colômbia), chá (Índia), cacau (Costa do Marfim), suco de laranja (Brasil), banana (Equador), uva (África do Sul), vagem (Quênia), tomate (Marrocos), abacate (Peru), arroz (Tailândia), camarão (Indonésia, Tailândia e Vietnã) e atum (Indonésia, Tailândia e Vietnã).
9 FATOS IMPORTANTES DO RELATÓRIO