16/03/2009 UNAFISCO
O deputado federal e ex-ministro da Fazenda Ciro Gomes (PSB/CE) participou na sexta-feira (13/3) do painel “A Palavra dos Parlamentares“, no V Encontro Nacional dos Auditores-Fiscais Aposentados da RFB (Receita Federal do Brasil), que acontece em Fortaleza (CE). Ele traçou um panorama da realidade social, política e econômica do país, criticando a concentração de renda, as desigualdades de acesso à educação e à saúde e a falta de atenção do Governo e da sociedade com idosos e crianças.
De acordo com o deputado, o Brasil tem problemas graves em decorrência de mudanças históricas que, se por um lado, destruíram inimigos "caricatos", como a ditadura, a superinflação e a eleição da esquerda, de outro, mantiveram a distribuição de renda mais desigual e concentrada entre todas as demais economias organizadas do planeta. Ele citou como exemplo o fato de apenas 7% da população de São Paulo receber um salário mínimo por mês, enquanto no Nordeste esse percentual é de 70%.
Ciro Gomes classificou a democracia do país como fisiológica, clientelista e muito concessiva. O deputado avaliou que o país ainda mantém um modelo tributário regressivo e burocrático. Ele disse não querer ser pessimista, mas não vê como prosperar nenhuma iniciativa para o crescimento do país no atual contexto, onde o modelo econômico continua sendo uma máquina de transferência de renda de quem trabalha para quem especula.
Com relação à situação dos aposentados, Ciro Gomes considerou possível acabar com a contribuição previdenciária após a aposentadoria, desde que seja considerado um novo projeto tributário para o país. “A contribuição é uma forma regressiva e injusta, para a qual ainda não há solução“, disse o deputado.
Compromisso - Ao falar sobre a política e os políticos de modo geral, Ciro Gomes afirmou que o maior mal da política é a falta de compromisso, de audácia e de visão. Para ele, é necessário resgatar os valores da política junto às novas gerações, reforçando o conceito de que fora da política não há futuro.
O deputado disse, ainda, que cada vez mais as pessoas estão se voltando para o consumo como canal para a busca da felicidade e realização. Segundo ele, o desejo de “ter“ estaria impulsionando a violência. “Vivemos na expectativa do que a nossa renda será capaz de consumir e essa é a causa da violência crescente em todo o país. Consumir é a chave para a aceitação do indivíduo na sociedade“, avaliou.
Eleições - O deputado revelou aos participantes do V Encontro a sua disposição em disputar as eleições presidenciais de 2010. Mas afirmou que isso não depende apenas da sua vontade. Para ele, o importante é que as pessoas avaliem os projetos e as ideias dos candidatos para identificar qual a proposta mais próxima dos interesses do Brasil. Ciro Gomes acredita que além dele mesmo, outros quatro nomes já estão dentro da disputa presidencial: José Serra, Aécio Neves, Heloisa Helena e Dilma Rousseff.