27/10/2017 Correio do Povo
Passada a votação da denúncia contra o presidente Michel Temer, o Palácio do Planalto quer fazer um pacto com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (Dem), para conseguir emplacar uma agenda de reformas consideradas necessárias, pelo governo, para tentar a retomada do crescimento econômico. Com menos apoio político, Temer sabe que agora depende de Maia para aprovar projetos polêmicos, “tourear” o Centrão e concluir sem sobressaltos o seu mandato, em 1˚ de janeiro de 2019. O objetivo do Centrão — grupo formado por partidos médios, como PP, PR e PSD —, é transformar Maia em uma espécie de “primeiro ministro” para conduzir a articulação da Câmara com o Planalto. Conhecido por fazer ameaças e se rebelar, o grupo que já foi liderado pelo ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB) — hoje preso da Lava Jato — também pressiona o governo por reforma ministerial.
Temer planeja prestigiar Maia, que também tem boa interlocução com o empresariado e o mercado financeiro. Nos últimos dias, por exemplo, pediu para o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, acertar com o deputado um modelo que permita enxugar a proposta de emenda à Constituição (PEC) sobre a reforma da Previdência. Certo de que não terá os votos necessários para aprovar mudanças na aposentadoria às vésperas de 2018, o governo pretende se fixar na redução da idade mínima para a concessão do benefício e na quebra de privilégios dos servidores. Além de mudanças na Previdência, o Planalto quer concentrar esforços também na aprovação de uma reforma tributária. O presidente da Câmara concorda, mas não abre mão de também investir em projetos sociais que dizem respeito à segurança pública e à geração de empregos. Maia e o presidente do Senado, Eunício Oliveira, entretanto, já sinalizaram a Temer que a base aliada do governo está fragilizada e apostar em reformas mais ousadas, neste momento, é perigoso.