31/05/2011 VALOR ECONÔMICO
Luciana Otoni | De Brasília
O Ministério da Fazenda avalia que os indicadores da economia ainda não mostram de forma nítida o ritmo de desaceleração do nível de atividade. Na primeira edição do ano do boletim "Economia Brasileira em Perspectiva", a equipe do ministro Guido Mantega analisa que há defasagens que influenciam a conjuntura.
"Os primeiros dados de 2011 sobre a atividade econômica ainda não mostram de maneira clara o ritmo da desaceleração esperada, por causa das defasagens envolvidas nas medidas adotadas e, também, em virtude de mudanças estruturais em andamento na economia", relata o documento.
No boletim, a Fazenda reafirma a redução da previsão de crescimento de 2011 de 5% para 4,5%. O ajuste ocorre integralmente pela via da demanda interna, cuja estimativa de alta passa de 6,4% para 5,9%. Na análise para o ano, foi rebaixada a projeção para o aumento do investimento em proporção ao Produto Interno Bruto (PIB). Anteriormente, o governo previa 20,4% do PIB, percentual que foi reduzido para 19,5%.
No estudo, a Fazenda classifica a elevação da inflação brasileira como um fenômeno mundial associado à valorização das commodities no mercado internacional e a "altas episódicas" advindas de preços administrados.
A Fazenda faz referência, no documento, a um componente inercial da variação de preços. "Análises recentes indicam a existência de componente estrutural e inercial na inflação associado ao setor de serviços e que é afetado apenas indiretamente pela política monetária. Por isso, a orientação do governo tem sido a de preservar o equilíbrio dos fundamentos, por meio de uma gama mais variada de instrumentos de política monetária e fiscal, de modo a tornar mais efetivos seus efeitos estabilizadores", diz o documento.
A Fazenda reitera que espera por arrefecimento dos preços neste primeiro semestre e cita que para o Banco Central o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrará 2011 em 5,6%. Em relação à política fiscal, a indicação é que o corte de R$ 50 bilhões em gastos públicos terá desempenho expressivo na desaceleração da economia.