29/06/2011 ZH
Ao aprovar o projeto da previdência com 30 votos a favor e 21 contra (31 a 21 na emenda dos 14%), o governo Tarso Genro obteve uma vitória política na Assembleia. Agora, terá de enfrentar uma batalha nos tribunais: servidores inconformados com o aumento da contribuição preparam uma enxurrada de ações para evitar o pagamento de contribuição maior. A oposição bateu na tecla de que o aumento é inconstitucional, posição que já vinha sendo defendida pelo Judiciário e pelo Ministério Público.
Confirmaram-se as previsões do chefe da Casa Civil, Carlos Pestana, que ontem pela manhã garantia a aprovação dos projetos e se preparava para passar a noite acompanhando as votações. O voto contrário do deputado Marcelo Moraes (PTB) já estava nas contas do Palácio Piratini.
A sessão, que se estendeu noite adentro, mostrou que os deputados não têm qualquer compromisso com a coerência. Os que eram ferrenhos defensores de mudanças na previdência, quando seus partidos estavam no governo, agora são contra porque estão na oposição. Os aliados do governo, que sempre combateram toda e qualquer mudança no sistema previdenciário, ontem se desdobraram na defesa dos projetos.
Parlamentares que sempre sustentaram votações em regime de urgência, ontem rugiram contra a votação apressada. Petistas que sempre condenaram o regime de urgência, agora aceitam como natural a votação rápida, para que o debate não se arraste indefinidamente.
Sem maioria para impedir a vitória do governo, a estratégia da oposição para constranger os governistas foi resgatar discursos do passado. Até na forma de ocupar o espaço nas galerias, repetiram-se os métodos do passado: de um lado, funcionários públicos mobilizados contra o projeto. Do outro, militantes arrebanhados pelo governo.
ROSANE DE OLIVEIRA