14/02/2012 CORREIO BRAZILIENSE
Proposta de orçamento do governo dos EUA eleva a tributação dos milionários e prevê US$ 800 bilhões para a criação de empregos
Washington — Numa proposta de orçamento duramente criticada pela oposição republicana por não reduzir o rombo nas contas públicas de maneira mais incisiva, o presidente dos Estados Unidos,
Barack Obama, defendeu ontem gastos agressivos do governo para incentivar o crescimento econômico e propôs a adoção de impostos mais altos para os ricos. A proposta da lei orçamentária de 2013 prevê mais de US$ 800 bilhões para programas de criação de empregos e de investimento em infraestrutura, além de estipular uma tributação de pelo menos 30% para os milionários, num dispositivo que recebeu o nome do megainvestidor Warren Buffett.
Em uma de suas melhores oportunidades antes da eleição de novembro para convencer os eleitores norte-americanos de que merece um segundo mandato, o democrata Obama reservou gordas fatias do orçamento para estradas, ferrovias e escolas. Ao mesmo tempo, ampliou os benefícios tributários para estimular a contratação. "Construímos esse orçamento em torno da ideia de que nosso país sempre se saiu melhor quando todos recebem seu justo quinhão", afirmou. "Ele rejeita o pensamento econômico de você está por
conta própria, que levou a uma distância cada vez maior entre os mais ricos e os mais pobres." Segundo Obama, o foco deve ser a continuidade da retomada da expansão econômica.
Buraco
Com dificuldade para escolher um candidato viável, os republicanos tentam pintar o presidente como um liberal gastador e atacam a sua política de empregos. Obama, que classifica seus rivais como integrantes do partido para os ricos, propõe medidas para lançar mais de US$ 300 bilhões na economia neste ano, enquanto tenta se reeleger. No entanto, o deficit público deve permanecer alto neste ano e no ano que vem antes de começar a cair mais fortemente. A estimativa é de que o buraco fique em US$ 1,33 trilhão no ano fiscal de 2012, o equivalente a 8,5% do Produto Interno Bruto (PIB), e recue para US$ 901 bilhões (5,5% do PIB) em 2013. Isso fará com que a dívida do Estado aumente em US$ 7 trilhões ao longo da próxima década.
O Congresso tem poderes para ignorar o plano e aprovar a própria proposta. Os republicanos, que controlam a Câmara dos Deputados, deixaram claro que o projeto será derrubado, pois o partido prepara uma batalha eleitoral no que diz respeito a impostos, gastos e tamanho do governo. "O orçamento de Obama é um insulto ao contribuinte americano", disse o pré-candidato republicano Mitt Romney, ainda favorito a enfrentar Obama em novembro, apesar da recente derrota para o conservador ex-senador Rick Santorum e do radicalismo estridente do ex-presidente da Câmara Newt Gingrich.