27/07/2012 CORREIO DO POVO
Juremir Machado
O Brasil é um país generoso. Com seus ricos. Clichê? Pura verdade. Faz sentido. Os ricos são frágeis. Precisam de cuidados especiais. Ricos pagam menos impostos. Precisam economizar para seus gastos extraordinários. Ricos recebem gordas ajudas governamentais via taxa Selic. Nos últimos anos, os bancos viveram no paraíso graças à política de juros do Banco Central. FHC e Lula jogaram, nesse sentido, no mesmo time: o time dos banqueiros. Ricos não enfrentam fator previdenciário, que detona quem começa a trabalhar mais cedo, os pobres. É que ricos não se aposentam pelo INSS. Rico nem se aposenta. Esquerdismo infantil? Não. A denúncia do esquerdismo infantil é a doença senil dos lacerdinhas. Estou apenas repercutindo duas mensagens contundentes que recebi nos últimos dias.
Na primeira, um auditor da Receita Federal, com 17 anos de experiência, prova que ricos pagam menos impostos: "É impressionante como os ricos são menos tributados que os pobres no Brasil (...) O homem mais rico do Brasil pode pagar (e efetivamente paga) zero de imposto de renda como pessoa física. Enquanto os assalariados pagam de 15% a 27,5%. A tributação, que era para ser progressiva (está na Constituição, significa que ricos devem pagar mais), é regressiva. Contribuem para isso diversas regras, como a isenção dos lucros, isenção de juros sobre capital próprio das empresas, e outras. Sem contar que os tributos incidentes sobre as coisas - produtos e mercadorias - incidem igualmente para todos". Nosso sistema é socialista: socializa com a plebe o custo da sociedade, preserva os ricos dessa parte desgastante.
Conclui o auditor: "O IPI e o ICMS sobre uma mercadoria qualquer é igual para o rico e para o pobre. E o que o pessoal fala da CPMF, que é injusta, ela realmente era, já que tributava mais o pobre que o rico, já que a alíquota era a mesma. Progressividade significa alíquotas diferenciadas. Não se pode cobrar 10% sobre um rendimento de 1.000 e os mesmos 10% sobre um rendimento de 100.000. É simplificação achar que o mais rico vai pagar mais se a alíquota for a mesma. Para ele sobram ainda 90.000, enquanto que para o outro sobram 900. Para quem faz mais falta? Interessa é a capacidade contributiva de cada um, e daí vem a ideia de progressividade". Aí, claro, nem o Judiciário concorda, especialmente na hora de pagar a Previdência Social. O sistema é azeitadinho. Uma parte fortalece a outra. Uau!
A outra mensagem foi de um ex-funcionário do Banco Central sobre as reviravoltas da taxa Selic: "A presidente Dilma compôs a Diretoria Colegiada com muitos dos antigos diretores do governo Lula. Houve uma dança das cadeiras e alguns diretores mudaram de área. O antigo chefe do Departamento Econômico, que participava das reuniões do Copom, sem direito a voto, agora é o diretor de administração (e, portanto, vota), e outros antigos consultores da Diretoria, que também participavam das reuniões do Copom, sem direito a voto, hoje são diretores. Pois bem, essas mesmas pessoas que participavam das decisões e assinavam as atas estabelecendo os juros astronômicos, agora assinam atas baixando os juros a níveis nunca vistos neste país". Mas a crise mundial continua. Os bancos estão desprotegidos.